sexta-feira, 19 de junho de 2015

Chibamba



Fantasma que faz parte do ciclo das assombrações criadas para assustar crianças, para fazer parte dos seus pesadelos noturnos. Seu provável local de origem é o sul de Minas Gerais.

Amedronta as crianças que choram, as teimosas e as malcriadas, e também aquelas que insistem em não querer ir dormir cedo. É uma espécie de Bicho Papão mineiro, cujo papel é adormecer as crianças pelo medo.

O primeiro historiador brasileiro a documentar esse mito foi o pesquisador Vale Cabral.

E sua aparência é sem dúvida singular. Anda envolto em longa esteira de folhas de bananeira, ronca como se fosse um porco e dança de forma compassada enquanto caminha. Às vezes, em meio à sua peculiar caminhada, dá uma paradinha seguida de giro.

O nome é um vocábulo africano, na verdade de origem Bantu, e teria como significado uma espécie de canto ou dança africana à exemplo do Lundu.

Há uma quadrinha que diz:
Êvém o Chibamba, nêném, ele papa minino, cala a boca!...


O Chibamba vestido de folhas de bananeira e dançando, lembra a África de onde o nome é originário. Em Angola e Congo, ainda hoje, os negros em suas tradições festivas e folclóricas, dançam vestindo elaboradas roupas feitas de folhas, ramos e galhinhos de plantas locais.

Na Ásia, entre os antepassados do Laos, da indochina francesa, chamados de Pu Nhiê, há uma dança. Os Pu Nhiê, em certa época, vestindo folhas e peles, surgem com máscaras de monstros excêntricos. E Dançam lentos, compassados, dando giros misteriosos, ao som de tambores.

O Chibamba é um remanescente dos rituais negros da África, que se transformou em Cuca, ou Negro Velho, e se tornou encarregado de fazer dormir à força as crianças. O fato de "roncar como um porco" é uma adaptação brasileira.

Chibamba, em Minas Gerais, pelo nome e maior influência negra do que indígena, é africano. Ali ele vive fazendo as crianças dormirem, mesmo quando não estão com vontade.
Informações Complementares:
Nomes comuns: Chibamba.

Origem: É africana.

De fato, os nativos africanos se vestiam com folhas e usavam máscaras assustadoras nos seus rituais de pesca, caça e mesmo religiosos. Sua chegada ao Brasil mineiro, em seus terreiros festivos, onde as amas pretas de leite cuidavam dos seus bebês e também das crianças brancas, explica o surgimento do Chibamba como criatura assustadora.

Era uma oportunidade e tanto mostrar às crianças, aqueles figurantes caracterizados como monstros cobertos de folhas e mascarados, como sendo uma entidade que viria atormentar crianças que não queriam dormir.

Na tradição africana, os figurantes cobertos de folhas e mascarados, simbolizavam a reencarnação dos seus antepassados, que ora os visitavam para abençoar suas festas, caçadas, colheitas, guerras e rituais de casamento.


Também os nossos índios dançavam envoltos em folhas e tecidos vegetais. Não é uma tradição dos Tupis, mas entre os pajés do Brasil colônia. E estes dançavam, nas horas dos rituais religiosos, disfarçados, cobertos de folhas e pintados com corantes vegetais. A dança lenta, rodada, com os figurantes cobertos com vestimentas ornamentadas, era tradição entre os Gês, Nu-aruacos e Caraíbas. Mas a influência para a existência do Chibamba mineiro é mesmo africana.

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