Por volta de 1845 em uma cidadezinha do interior de Minas
Gerais, havia essa lenda sobre a árvore das almas. Tal árvore ficava em um
bosque atrás da cidade, ela era enorme e oca. Tinha uma passagem imensa onde as
pessoas podiam entrar dentro.
Nessa época acreditava-se que a árvore era abrigo para
centenas de almas de mulheres as quais a origem é desconhecida. Acreditava-se
também que elas eram as guardiãs da cidade, mantinham os maus espíritos longe e
ajudavam a cidade a prosperar. Uma vez por ano, na sexta-feira santa a meia
noite, elas saiam da árvore para uma procissão pela cidade. Caminhavam por
todas as ruas da cidade, cada uma com sua vela na mão dando sua benção. Os
moradores por sua vez, em respeito às mulheres deveriam ficar dentro de casa,
com as janelas e cortinas fechadas até que a procissão terminasse.
Em uma dessas procissões, uma garota da cidade resolveu
olhar pela janela. Ela ficou maravilhada, centenas de mulheres vestidas de
branco, com uma vela grande na mão, recitando algo que não se podia ouvir. Ela
notou que as mulheres não eram seres comuns, pois seus corpos eram meio
transparentes e luminosos.
Maravilhada com o que vira, ela abriu sua janela, saltou e
foi seguindo as mulheres. Quando a procissão terminou as mulheres voltaram para
o bosque. A garota hesitou um pouco em segui-las, mas pensou, se já foi tão
longe era melhor ir até a árvore.
De longe e atrás de alguns arbustos ela avistou a árvore e
as mulheres foram entrando dentro e desaparecendo. A última mulher da fila
parou antes de entrar, virou-se para a garota e olhou-a nos olhos e começou a
andar em sua direção. A garota por alguma razão não sentiu medo e esperou o
fantasma se aproximar. A mulher lhe estendeu a vela.
“Um presente por sua coragem.” – disse a fantasma sorrindo.
“Obrigado.” – respondeu a garota sem reação.
A mulher voltou para a árvore, antes de entrar olhou a garota
novamente e desapareceu. Quando a garota olhou de novo para a vela, esta tinha
se transformado em um fêmur. Assustada ela correu para casa e contou a seus
pais o que havia ocorrido.
Os pais muito preocupados a mandaram de volta ao bosque e
disseram que ela deveria enterrar o fêmur de baixo da árvore, pois eles não
queriam um osso humano em casa. A menina foi vista pela última vez entrando no
bosque. Suas pegadas podiam ser vistas até a árvore, mas ali ela não estava.
Diz a lenda que a garota pode ser vista durante a procissão,
ela vai levando sua vela, no último lugar da fila das mulheres.
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