sexta-feira, 26 de junho de 2015

À Poesia

Branda aragem do céu que nos revela
D'ignotas flores mística fragrância:
Doce cismar, que a vida embala em sonhos
Como no berço se acalenta a infância;

Flor cultivada pela mão dos anjos
Nesses vergéis aos gênios revelados;
Planta que mirra nos jardins da terra,
Como a flor do sorriso entre os cuidados;

Sombra que foge bela e vaporosa
N'alva da vida difundindo flores;
Astro a girar no azul do firmamento
E sôbre a terra a derramar fulgores.

Filtro que n'alma as dores adormenta,
Anjo do Eden, celeste Poesia!
Dos roseos lábios entre mago aroma
Manas à flux torrentes de harmonia.

Feliz quem de tua alma sorpreendera
Doce arcano às canções melodiosas!
Mas inda mais feliz quem revolvera
Teu belo seio em ondas amorosas!

Que valem o poder, ciência ou glória
Ante um momento de êxtase divino?
Déra as grinaldas de eternal memória,

Para a vida exalar de amor num hino!

Antônio Joaquim Ribas


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