-Firifififiuuuuuu....................
- É ela, a Matinta Perera...!
-Olha, Matinta, deixa a gente descansar e amanhã podes
passar aqui pra pegar tabaco!
No dia seguinte uma velha aparece na residência onde a
promessa foi feita, a fim de apanhar o fumo. A cena descrita podia acontecer no
subúrbio de Belém há alguns anos, ou ainda hoje, no interior do Pará e de toda
a Amazônia.
Mas... quem ou o que é a Matinta Perera?
Matinta Perera, Matinta Pereira, MatiTaperê, Mat-Taperê,
Matim_Taperê, Titinta-Pereira são algumas formas de grafar este mito que se
apresenta principalmente sendo uma velha acompanhada de um pássaro. O pássaro
emite um assobio agudo, à noite, que perturba o sono das pessoas e assusta as
crianças, ocasião em que se oferece tabaco o fumo ( aparece como promessa
principal ) mas também pode ser alimento.
A velha, uma pessoa idosa do lugar, carregaria a sina de
virar Matinta Perera, ou seja a sina de à noite, transformar-se em um ser
indescritível, a meter medo e assombrar as pessoas. A Matinta Perera pode ser
de dois tipos: com asa e sem asa. A que tem asa pode se transformar em um
pássaro a voar nos cercanis do lugar onde mora. A que não tem asa, anda sempre
com um pássaro considerado agourento, identificado como sendo
"rasga-mortalha". Dizem que a Matinta Perera, quando está para
morrer, pergunta:
- Quem quer? quem quer?
E se alguém mais afoito, principalmente mulher disser
"eu quero", pensando se tratar de alguma herança de dinheiro ou
jóias, recebe na verdade a sina de virar Matinta Perera. Embora a grande
maioria de registros informe que a Matinta Perera é mulher, foi colhido pelo
menos uma história passada em Inhangapi, era um homem, por sinal, um negão
forte e musculoso.
Há fórmulas mágicas que permitem prender a Matinta Perera.
Uma delas exige uma tesoura virgem, uma chave e um terço. Cerca de meia noite
deve-se abrir a tesoura, enterrar na área, colocar no meio a chave e o terço
por cima, após o que rezam-se orações especiais. A Matinta Perera ficará presa
no local, não conseguindo afastar-se.
No livro "Visagens e Assombrações de Belém" Walcyr
Manteiro narra a história "A Matinta Perera do Acampamento", ocorrida
na década de sessenta, na qual uma Matinta Perera foi presa pela fórmula e
levada pelos habitantes ao Posto Policial, onde foi feita a acusação de que a
mulher virava "Matinta Perera", ante os policiais incrédulos. Mas
naquela época - como até hoje - não se configurava crime em lei,
"virar" Matinta Perera, e a mulher ganhou a liberdade, voltando como
vingança a azucrinar a paciência dos moradores do Acampamento com seus
estritentes assovios:
- Firifififiuuuuuuuu.....................
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