sexta-feira, 12 de junho de 2015

A Lua Nova

No silêncio da cor - treva silente -
Abriu-se a noite mádida e sombria,
Logo que o Sol, rezando: Ave, Maria...
Fechou no Ocaso as portas de oiro ardente.

A terra, a mata, o rio, a penedia,
Tudo se fora pela treva e, rente
Ao céu, ficou a lua nova algente,
Como um sonho esquecido pelo dia.

Ela assim foi: morreu; desde esse instante
Pálido e frio, como a lua nova,
Ficou-me entre as saudades seu semblante.

Mas, ouve: quanto mais doída cresce
A noite que me vem da sua cova,

Mais branca e inda mais fria ela aparece.

Silveira Neto



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