Vem, ó lua, contar-me as tuas dores,
Teus segredos d'amor: deixa um instante
Essa louca estrellinha rutilante,
Que desdenha cruel os teus amores.
Vem aqui derramar os teus pallores,
Vem dizer-me qual é a tua amante;
Se é aquella menor, menos brilhante,
Ou aquella que tem mais esplendores.
Pobre lua! tú gemes, tú deploras
A sorte sempre avessa - a ingratidão,
De uma linda estrellinha a quem namoras;
Mas eu - pobre de mim! louca paixão
Me tortura a existência! ah! se tú choras
Eu sou muito infeliz, não choro não.
Elisiario Pinto
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