terça-feira, 30 de junho de 2015
“Providence” - H. P. Lovecraft
Onde a baía e o rio se misturam tranqüilos
Subindo as frondosas encostas
os pináculos de Providência ascendem
contra o céu ancestral
E nos estreitos caminhos sinuosos
que levam a outras encostas e picos
a magia de dias esquecidos
pode encontrar a quietude pra descansar
Uma clarão da clarabóia, um sopro do batente
Um vislumbre de tijolo jorgiano
As visões e sons de há muito tempo
Onde a fantasia se acumula e se adensa
Uma fuga caminhando na ferrovia,
Um campanário assomando no alto,
Uma torre de igreja esculpida e desbotada,
Uma parede de jardim infestada de musgo
O desabamento duma cripta escondida
comprova a mortalidade humana
Um cais em ruína onde telhados de gambrell vigiavam o mar.
Praça e passeio dos quais as paredes sobressaíam
Completando quinze décadas
nos paralelepípedos das alamedas encaramanchadas
e desprezadas pela multidão.
Pontes de pedra atravessando riachuelos
Casas empoleiradas na colina
e namoros onde mistérios e sonhos
deixam o espírito cheio de meditação
Vielas íngremes ao lado de videiras escondidas
onde vidraças brilham nas janelas
No crepúsculo nalgum momento no campo
Tudo passou
Minha Providência!
Que etéreos anfitriões
Ainda giram teus dourados cata-ventos
quais fôlegos de elfo que, com fantasmas cinzentos,
povoam tuas antigas veredas!
Os carrilhões vespertinos como antigamente
soam sobre teus vales
Enquanto teus austeros pais limpam o bolor
abençoam tua terra sagrada.
Azar
A galope, a galope, o Cavaleiro chega:
Rei, ó meu bom senhor! com tua filha cega.
- Hoje, teu advinho assim traçou no ar:
A frota d'El-Rei perdeu-se no alto mar!
Eu, ao descer a noite, ouvi cantar o galo:
Foi a Rainha que fugiu com um teu vassalo.
Teus exércitos, oh! as brônzeas legiões,
Morreram nos areais da Líbia como leões!
Nos teus domínios sopra o vento Noroeste:
A mangra, o gafanhoto, a sêca, a ânfora, a peste.
Uivam! Lôbos? o Mar? o Vento? o Temporal?
Não. É a plebe que arrasta o teu manto real.
Lá vêm as três, ó Rei, lá vêm as três donzelas...
Tende piedade, meus irmãos, orai por elas!
Vêm tão brancas dizer que as noras sensuais
D'El-Rei mataram seus maridos com punhais.
Tuas pratas, teu oiro, e mais ricas alfaias,
Roubam do teu palácio os fâmulos e as aias.
Teu diadema, o cetro, as plumas e os Broquéis,
Em poeira, e sangue, e sob a pata dos corcéis!
O povo reza, que doçura! É bom que reze!
Pela tua alma... Já são horas... Quantas?... Treze.
Maldito seja quem trono nem reino tem!
Maldito seja o Rei! Maldito seja! Amém!
No vinho que te dão, e no teu melhor pomo,
No manjar mais custoso, onde entre o cinamomo,
Na linfa clara, vê, no leito ebúrneo, sei,
Nas palavras, no ar, dão-te veneno, Rei!
Ouvem os Arlequins missa, todos de tochas,
E estão vestidos de sobrepelizes roxas.
Resmungam baixo teu nome as velhas, e assim
Queimam em casa, cruz! a palma e o alecrim.
Estão rezando por ti muitos padre-nossos;
Os cães estão, porém, à espera de teus ossos.
Ó ventos! ó corvos! que estais grasnando no ar!
Eis o cadáver do bom Rei de Baltasar!
Dlom! dlem! dlom! dlem! Ouve, bom Rei, de sêrro a sêrro,
Os sinos dobram, ai! dobram por têu entêrro.
Ó ventos! ó corvos! que estais grasnando no ar!
Eis o cadáver do bom Rei de Baltasar!
Ventos, ó funerais! ventos, lamentos roucos,
ó ventos roucos, ó redemoinhos loucos!
Dlom! dlem! dlom! dlem! Bom Rei, teus ossos não são teus,
Nem o trono é teu! Louvado seja Deus!
Nem a tua alma é tua, ó Rei, depois de morto,
Pois demônios estão dançando num pé torto!
Maldito seja quem Trono nem Reino tem!
Maldito seja o Rei! Maldito seja! Amém!
E a galope, a galope, o Cavaleiro esguio
Vai pregar a outro Reino: a Doença, a Noite, o Frio!
Emiliano Perneta
À Luz do Poente...
Há dias que se esquecem de repente
Nesta vida de lutas e cuidados;
E outros que passam, porém são gravados
Na retina e no espírito da gente.
De entre os meus dias tristes já passados,
Há um que a todo tempo está presente,
Pois não me sai dos olhos, nem da mente,
Desde o instante em que fomos separados.
Se pudesse ser sonho o que se sente,
Julgara pensamentos desvairados
O que revejo subjetivamente:
Vultos negros, solenes, desolados,
Levando, lentamente, à luz do poente,
Um caixão roxo de florões dourados.
Da Costa e Silva
segunda-feira, 29 de junho de 2015
H. P. Lovecraft
Howard Phillips Lovecraft (Providence, Rhode Island, 20 de
agosto de 1890 — Providence, Rhode
Island, 15 de março de 1937) foi um escritor estadunidense que revolucionou o
gênero de terror, atribuindo-lhe elementos fantásticos que são típicos dos
gêneros de fantasia e ficção científica.
O princípio literário de Lovecraft era o que ele chamava de
"Cosmicismo" ou "Terror Cósmico", que se resume à ideia de
que a vida é incompreensível ao ser humano, e de que o universo é infinitamente
hostil aos interesses do homem. Isto posto, as suas obras expressam uma
profunda indiferença às crenças e atividades humanas. H.P Lovecraft originou o
ciclo de histórias que posteriormente passaram a ser categorizadas no
denominado Cthulhu Mythos e também desenvolveu o fictício grimório
Necronomicon, supostamente vinculado ao astrônomo e ocultista britânico do
século XVI, John Dee. Ao decorrer de suas criações, Lovecraft produziu um
panteão de entidades extremamente anti-humanas com as quais, nas suas
histórias, geralmente os seres humanos se podem comunicar através do
Necronomicon.
Os seus trabalhos expressam uma atitude profundamente
pessimista e cínica, muitas vezes desafiando os valores do Iluminismo, do
Romantismo, do Cristianismo e do Humanismo . Os protagonistas de Lovecraft eram
o oposto dos tradicionais gnose e misticismo por momentaneamente anteverem o
horror da última realidade e do abismo.
Era assumidamente conservador e anglófilo (o que pode ser
observado em seu poema An American To Mother England , publicado em janeiro de
19164 ), o que explica o porquê de ter sido habitual no seu estilo o emprego de
arcaísmos e a utilização de vocabulário e ortografia marcadamente britânicos -
fato que contribui para aumentar a atmosfera dos seus contos, pois muitos deles
(por exemplo, O caso de Charles Dexter Ward) contêm referências a personagens
que viveram antes da independência das Treze Colónias, bem como a
estabelecimentos comerciais existentes entre os séculos XVII e XVIII.
Durante a sua vida, dispôs de um número relativamente
pequeno de leitores, no entanto sua reputação verificou uma elevada
gratificação com o passar das décadas, e ele, agora, é considerado um dos
escritores de terror mais influentes do século XX. De acordo com Joyce Carol
Oates, Lovecraft, como aconteceu com Edgar Allan Poe no século XIX, tem
exercido "uma influência incalculável sobre sucessivas gerações de escritores
de ficção de horror" , Stephen King chamou Lovecraft de "o maior
praticante do século XX do conto de horror clássico.".
Trabalhos
Trabalhos
Junho de 1917
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Março de 1922
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Conto
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Julho de 1917
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Novembro de 1919
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Conto
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verão-início do outono de 1917
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Setembro de 1917
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Conto
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primavera-verão de 1918
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Dezembro de 1920
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Conto
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primavera de 1919
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Outubro de 1919
|
Conto
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primavera de 1919
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Junho de 1919
|
Conto
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c.Julho de 1919
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1959
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Conto
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16 de Setembro de 1919
|
1944
|
Conto
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c.Outubro de 1919
|
Novembro de 1919
|
Conto
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3 de Dezembro de 1919
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Junho de 1920
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Conto
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Dezembro de 1919
|
Maio de 1920
|
Conto
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fins de 1919
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Dezembro de 1920
|
Conto
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c.1919-21?
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1943
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Conto
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28 de Janeiro de 1920
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Julho de 1921
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Conto
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Janeiro-Junho de 1920
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Outubro de 1921
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Conto
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15 de Junho de 1920
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Novembro de 1920
|
Conto
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c. Junho-Novembro de 1920
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Setembro de 1925
|
Conto
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inicio de 1920
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Março & Junho de 1921
|
Conto
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inicio de Novembro de 1920
|
Maio de 1922
|
Conto
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16 de Novembro de 1920
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Junho de 1934
|
Conto
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c.Novembro de 1920
|
Novembro de 1920
|
Conto
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12 de Dezembro de 1920
|
Verão de 1921
|
Conto
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1920-Março de 1921 (obscuro)
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Março de 1921
|
Conto
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Janeiro de 1921
|
Novembro de 1921
|
Conto
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28 de Fevereiro de 1921
|
Julho-Agosto de 1935
|
Conto
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10 de Março de 1921
|
Junho de 1926
|
Conto
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|
primavera-verão de 1921
|
Abril de 1926
|
Conto
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14 de Agosto de 1921
|
Novembro de 1933
|
Conto
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Outubro de 1921-Junho de 1922
|
Fevereiro-Julho de 1922
|
Conto
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Dezembro de 1921
|
Março de 1922
|
Conto
|
|
Março de 1922
|
Maio de 1923
|
Conto
|
|
5 de Junho de 1922
|
Maio de 1923
|
Conto
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Fragmento Junho de 1922
|
Junho de 1938
|
Fragmento de romance
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Outubro de 1922
|
Fevereiro de 1924
|
Conto
|
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Novembro de 1922
|
Janeiro-Abril de 1923
|
Conto
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|
Agosto-Setembro de 1923
|
Março de 1924
|
Conto
|
|
Setembro de 1923
|
Julho de 1925
|
Conto
|
|
Outubro de 1923
|
Janeiro de 1925
|
Conto
|
|
Outubro de 1924
|
1937
|
Conto
|
|
1-2 Agosto de 1925
|
Janeiro de 1927
|
Conto
|
|
11 de Agosto de 1925
|
Setembro de 1926
|
Conto
|
|
18 de Setembro de 1925
|
Novembro de 1925
|
Conto
|
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Fevereiro de 1926
|
Março de 1928
|
Conto
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Agosto-Setembro de 1926
|
Fevereiro de 1928
|
Conto
|
|
Setembro de 1926
|
Outubro de 1927
|
Conto
|
|
Outubro de 1926 - 22 de Janeiro de 1927
|
1943
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Novela
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Novembro de 1926
|
Janeiro de 1929
|
Conto
|
|
9 de Novembro de 1926
|
Outubro de 1931
|
Conto
|
|
Janeiro - 1 de Março de 1927
|
Maio & Julho de 1941
|
Novela
|
|
Março de 1927
|
Setembro de 1927
|
Conto
|
|
Fragmento começo de 1927
|
1938
|
Fragmento de Conto
|
|
História do Necronomicon
|
esboço, outono de 1927
|
1938
|
Pseudo-história
|
3 de Novembro de 1927
|
verão de 1940
|
Conto
|
|
Agosto de 1928
|
Abril de 1929
|
Conto
|
|
verão de 1928
|
Janeiro de 1938
|
Conto
|
|
24 de Fevereiro - 26 de Setembro de 1930
|
Agosto de 1931
|
Novela
|
|
24 de Fevereiro - 22 de Março de 1931
|
Fevereiro-Abril de 1936
|
Novela
|
|
Novembro- 3 de Dezembro de 1931
|
Abril de 1936
|
Novela
|
|
Fevereiro de 1932
|
Julho de 1933
|
Conto
|
|
Carta extrato outono de 1933
|
Abril de 1939
|
Trecho de Carta
|
|
21-24 de Agosto de 1933
|
Janeiro de 1937
|
Conto
|
|
Fragmento c.Outubro de 1933
|
1938
|
Contos Inacabados
|
|
10 de Novembro de 1934 - 22 de Fevereiro de 1935
|
Junho de 1936
|
Novela
|
|
5-9 Novembro de 1935
|
Dezembro de 1936
|
Conto
|
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