Na tribo Macuxi havia um índio forte e muito inteligente,
chamado Uiná. Um dia ele se apaixonou por Acamí, uma bela índia Taulipangue.
Casaram-se logo depois e viviam muito felizes, sempre juntos.
Até que um dia a índia deu a luz a um menino, mas o menino
sem vida nasceu. Triste Acamí ficou muito doente, e para maior tristeza, um
dia, Acamí não pôde mais andar.
Uiná, para não se separar de sua amada, teceu uma tipóia e
amarrou a índia à suas costas, levando-a para todos os lugares em que andava.
Certo dia, porém, o índio sentiu que sua carga estava mais
pesada que o normal e, qual não foi sua tristeza, quando desamarrou a tipóia e
constatou que a sua esposa tão querida estava morta.
O índio foi à floresta e cavou um buraco à beira de um
igarapé. Enterrou-se junto com a índia, pois para ele não havia mais razão para
continuar vivendo.
Algumas luas se passaram e, ao nascer da lua cheia, no lugar
aonde Uiná e Acamí deitaram, começou a brotar uma graciosa planta, espécie
totalmente diferente e desconhecida de todos os índios Macuxis. Era a
Tamba-Tajá, planta de folhas triangulares, de cor verde escura, trazendo em seu
verso uma outra folha de tamanho reduzido, cujo formato se assemelha ao órgão
genital feminino. A união das duas folhas simboliza o grande amor existente
entre o casal da tribo Macuxi.
O caboclo da Amazônia costuma cultivar esta curiosa planta,
atribuindo a ela poderes místicos. Se, por exemplo, em uma determinada casa a
planta crescer viçosa com folhas exuberantes, trazendo no seu verso a folha
menor, é sinal que existe muito amor naquela casa. Mas se nas folhas grandes
não existirem as pequeninas, não há amor naquele lar. Também se a planta
apresentar mais de uma folhinha em seu verso acredita-se então que existe
infidelidade entre o casal.
TOADA PARA ESTA LENDA - Tamba-Tajá
Uma composição de Hugo Levy/Neil Armstrong/Silvio Camaleão
(2003)
O vento dos campos
No escuro da noite
Esfriando as serras , na água azul
Na serra da lua , segredos da terra
Índio Taulipangue , índio Macuxi
Fugindo da ira das tribos
Amor de verdade, Uiná e Acami
E os dois nunca se separavam
Na caça , na pesca , no rio a banhar
Na força da lua, curumim
Sem vida nasceu
E para maior tristeza
Acami não pode mais andar
E veio o sol, e o sol foi embora
E veio a lua, e a lua desapareceu
Um dia Uiná saiu com Acami
Pelos campos colhendo mangaba e murici
E os dias passaram e eles não voltaram
E no lugar onde ficaram
Aonde o vento costuma soprar
Nasceu uma planta brilhante
Homem, mulher, par constante
A pureza do Tamba-Tajá
Tamba, Tamba-Tajá
Um amor que nasceu tão bonito
Ninguém consegue acabar
Tamba, Tamba-Tajá
Na lembrança eterna das folhas
O amor de Acami e Uiná
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