Mulher! ao ver-te nua, as formas opulentas
Indecisas luzindo à noite, sôbre o leito,
Como um bando voraz de lúbricas jumentas,
Instintos canibais refervem-me no peito.
Como a bêsta feroz a dilatar as ventas
Mede a prêsa infeliz por dar-lhe o bote a jeito,
Do meu fúlgido olhar às chiaspas odientas
Envolvo-te e, convulso, ao seio meu t'estreito:
E ao longo de teu corpo elástico, onduloso,
Corpo de cascavel, elétrico, escamoso,
Em tôda essa extensão pululam meus desejos.
- Os átomos sutis, - os vermes sensuais,
Cevando a seu talante as fomes bestiais
Nessas carnes febris, - esplêndidos sobejos!
Carvalho Júnior
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