terça-feira, 28 de julho de 2015

Antropofagia

Mulher! ao ver-te nua, as formas opulentas
Indecisas luzindo à noite, sôbre o leito,
Como um bando voraz de lúbricas jumentas,
Instintos canibais refervem-me no peito.

Como a bêsta feroz a dilatar as ventas
Mede a prêsa infeliz por dar-lhe o bote a jeito,
Do meu fúlgido olhar às chiaspas odientas
Envolvo-te e, convulso, ao seio meu t'estreito:

E ao longo de teu corpo elástico, onduloso,
Corpo de cascavel, elétrico, escamoso,
Em tôda essa extensão pululam meus desejos.

- Os átomos sutis, - os vermes sensuais,
Cevando a seu talante as fomes bestiais

Nessas carnes febris, - esplêndidos sobejos!

Carvalho Júnior


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