Arcanjos maus passai, todos cobertos
de jóias e de
luz,
mostrando à turba os ombros descobertos,
os seios todos
nus!
Passai, astros funestos! Messalinas
operárias do amor!
Que em leilão pusestes nas esquinas
os lírios do
pudor!
Do mundo a saudação vos acompanhe;
correi,
estrelas fatais!
E à noite batizai-vos no champanha
das loucas
bacanais!
Se tendes menos crença do que dantes
e menos
ilusões,
nas tranças deveis ter mais diamantes,
no olhar mais
seduções.
Fingi no vosso mármore essas rosas
que um sopro
já desfez,
e passai radiantes e formosas,
mais belas
cada vez,
de perfumes enchendo todo o espaço,
a rir de quem
vos vê,
prendendo a um tempo o coração devasso
e aquele que
ainda crê!
Arcanjos maus passai, todos cobertos
de jóias e de
luz,
mostrando à turba os ombros descobertos,
os seios todos nus!
Depois guardai um dia na mortalha
os restos
dessa flor,
que deu muitos perfumes... à canalha
e poucos ao
amor!
Guilherme de Azevedo
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