A lenda do Romãozinho conta a história de um menino, filho
de um humilde agricultor, que mesmo quando era apenas um bebê, já demonstrava
sinais de ruindade extrema. Dizem que antes mesmo de aprender a falar,
Romãozinho mordia quem colocasse a mão em seu rosto assim como mordia o peito
de sua mãe, quando está tinha que o amamentar.
Já maior, na infância, sempre gostou de maltratar os animais, destruir
plantas e prejudicar as pessoas.
Certa vez, sua pobre mãe mandou-o levar o almoço ao pai, que
trabalhava longe de casa, na roça. Ele foi de má-vontade (nunca foi de seu
feitio fazer nada que não ganhasse algo em troca). No meio do caminho, ele
comeu a galinha que era destinada a ser o almoço de seu pai, colocou os ossos
na marmita e levou-a assim mesmo. Quando o pai viu só ossos ao invés da galinha
assada, ele perguntou o que aquilo significava. Romãozinho, maldosamente,
disse: "Deram a mim a comida já assim ... Eu penso que minha mamãe comeu a
galinha com o homem que vai sempre a nossa casa quando o senhor sai para
trabalhar, e enviou-lhe somente os ossos como deboche do senhor".
Enlouquecido de fúria e ódio, o homem voltou correndo para
casa, não deu nem ao menos tempo para a mulher desmentir o filho, puxou o
punhal e a matou ali mesmo. E Romãozinho, mesmo testemunhando a morte da mãe
não desmentiu o que havia falado para o pai. E enquanto a mãe agonizava no
chão, o menino ainda ria dela e de como havia sido esperto enganando a todos.
Mas antes de morrer, a mãe amaldiçoou o filho, dizendo: "Você não morrerá
nunca! Você não conhecerá o céu ou o inferno, nem repousará enquanto existir um
vivente sobre a terra! Seu tormento será eterno"!
Romãozinho não se intimidou, riu mais uma vez ante a
maldição e foi embora. Vendo o mal que havia feito e de como tinha sido
enganado, o pai se suicidou. Desde esse dia o menino nunca mais cresceu, e dizem
os populares que ele costuma andar pelas estradas e fazer travessuras com os
coitados que possuem o azar de cruzar com ele. Tem por hábito quebrar as telhas
das casas a pedradas, assustar os homens e torturar as galinhas.
Mas algumas pessoas também atribuem a ele coisas boas. Há
uma história que diz que uma mulher grávida estava sozinha quando entrou em
trabalho de parto, e no desespero chamou por Romãozinho, e este atendeu ao
chamado, foi à casa da parteira que depenava uma galinha. Conta a mulher que a
galinha de repente saiu da sua mão voando. A parteira saiu correndo atrás e a
galinha foi jogada na casa da mulher que estava em trabalho de parto (Até para
fazer o bem, Romãozinho tortura).
A lenda do Romãozinho é bastante conhecida no leste da Bahia,
em toda Goiás, parte do Mato Grosso e também no
Maranhão.Conta-se que os primeiros relatos desse mito são do distrito de
Boa Sorte, município de Pedro Afonso, em Goiás, que faz fronteira com o
Maranhão, e dataria do século XX.
Existem diversas versões sobre a história de Romãozinho. Em
algumas ele teria matado o pai de susto, já em outras, sua mãe teria vivido e
amaldiçoado o filho posteriormente a morte do pai. Existe ainda uma versão em
que dizem que o menino também vira uma tocha de fogo que fica indo e vindo
pelos caminhos desertos. Já outros, dizem que ele seria o próprio Corpo-Seco,
lenda esta que nós já publicamos aqui no blog. Nesta versão, a alma do menino
seria tão ruim, mas tão ruim, que nem o céu nem o inferno o quiseram, por essa
razão ele vaga pelo mundo assustando as pessoas.
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