Deu-me a Dor um burel; e eu, no claustro sombrio
Da Noite, busco alívio à mágoa que me fere,
Correndo as contas de ais do meu rosário pio,
As mãos em cruz, a orar, num triste miserere...
O vento uiva, o mar geme, anda no espaço um frio
De morte. Quanto horror a noite me sugere!
O Nunca-Mais de Pöe! O eterno desvario
Das sinistras visões do meu Dante Alighieri!
E eu, absorto, a cismar no mutismo da Noite:
- A Tôrre de Marfim da Ventura onde existe?
E o silêncio é um sarcasmo, um irônico açoite...
- Onde êste Bem, Senhor? E o meu ser se confrange
Descobrindo no céu, como um símbolo triste,
O crescente lunar em forma de um alfange...
Da Costa e Silva
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