segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Ante Noctem

Deu-me a Dor um burel; e eu, no claustro sombrio
Da Noite, busco alívio à mágoa que me fere,
Correndo as contas de ais do meu rosário pio,
As mãos em cruz, a orar, num triste miserere...

O vento uiva, o mar geme, anda no espaço um frio
De morte. Quanto horror a noite me sugere!
O Nunca-Mais de Pöe! O eterno desvario
Das sinistras visões do meu Dante Alighieri!

E eu, absorto, a cismar no mutismo da Noite:
- A Tôrre de Marfim da Ventura onde existe?
E o silêncio é um sarcasmo, um irônico açoite...

- Onde êste Bem, Senhor? E o meu ser se confrange
Descobrindo no céu, como um símbolo triste,

O crescente lunar em forma de um alfange...


Da Costa e Silva


Nenhum comentário:

Postar um comentário