quinta-feira, 11 de junho de 2015

Ó trevas, que enlutais a Natureza...

Ó trevas, que enlutais a Natureza,
Longos ciprestes desta Selva anosa,
Mochos de voz sinistra e lamentosa,
Que dissolveis dos fados a incerteza;

        Manes, surgidos da morada acesa
Onde de horror sem fim Plutão se goza,
Não aterrais esta alma dolorosa,
Que é mais triste que voz minha tristeza.

        Perdi o galardão da fé mais pura,
Esperanças frustrei do amor mais terno,
A posse de celeste formosura.

        Volvei, pois, Sombras vãs, ao Fogo eterno;
E, lamentando a minha desventura,

Movereis à piedade o mesmo Inferno.

Bocage


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