sexta-feira, 5 de junho de 2015

A Agonia da Véla

- Hastil branco a florir em luz e flamma; esguio
Lirio secco, que o vento anniquilar prommete,
Ha uma véla a esvair-se... E isto, deve-o ao pavio,
- Eixo e alma do seu corpo alvo de espermacete.

Desde acceso o pavio, eil-a que se derrete;
Chamma - parece ter arrepios de frio...
Dir-se-ia uma creatura, alançeada das sete
Dores da Virgem-Mãe, lacrimejando, a fio...

É um ser anemico esse objecto inanimado:
Arde o pavio, e, entanto, o que se esvae é a cêra...
- Soffre a alma e o corpo é que se faz debilitado...

É uma agonia humana... Um suor febril escorre.
E - tal o humano ser desmaiara e morrera,
A véla tremeluz... Vai desmaiando... Morre.

Hermes Fontes

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